sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Falar de Amor

Por que então falar de amor?
Se nas palavras só há angustia
Se nos detalhes é pura confusão
E o exagero dito sobre o inexistente

Se para Pessoa o poeta é fingidor
Para Cazuza é exagerado ou um maior abandonado
Mas se é para mentir sobre a dor
Por que falar de amor?

Palavras sinceras
Rima de pé quebrado
Dissimulado
Recompondo as ideias

Será um caminho ponderado?
Cheio de obstáculos e amor

Então pra que falar de amor?

Yuri Patrick - 15/12/2017

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Aquela Noite

As noites vividas depois de ti
Sempre me deixam a desejar
Mesmo à noite, fico a pensar
O que fizeste que tanto sorri?

Fico querendo te reencontrar
Ficar falando sempre contigo
E sem assunto, parece castigo
Como na Anhaia fico a rodar

Se a noite não tivesse acabado
Eu estaria deitado em teu colo
De jeito algum dali eu descolo

Ainda com teu corpo aromado
Envolto em teus braços e peito
Foi pra mim o mundo perfeito


Yuri Patrick – 14/12/2017

Soneto à Leoa

Corre Leoa, vá e fuja de tua tristeza
O mundo, para ti, não é suficiente
Em fração de tempo, não será tão aprazente
Pelo fato de vir com intensa dureza

Para cada passo em uma nova chegada
Estás determinada a um tremendo futuro
Perdeste o acanhamento adquirido no escuro
E niguém mais segura a tua linda risada

Abandona tua selva e vem para minha casa
Engalfinha-te com garra no novo mundo
Inspira-te na vida e respire profundo

Corre Leoa, sai daquilo que te atrasa
Esse mundo pagou-te uma passagem de ida
Corre livre, Leoa, engendra-te uma vida

Yuri Patrick – 14/12/2017

*Soneto Alexandrino

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Sintoma e Sentido

Todo processo começa com 5 sentidos
Somado ao poder de emoção do coração
Mistura o sistema e o sintoma é a paixão
Podendo reconstruir corações destruídos

Tudo fez mais sentido quando eu te vi
Muito constrangido, eu me apresentei
E de resposta, uma doce voz eu escutei
Tão macia que não pude conter e sorri

Quis sentir sua pele com abusivo urgido
Desrespeitando a sequencia do sentido
Aproximei e senti seu inebriante aroma

E ao te beijar pude usar o meu paladar
E com a mão me pus em sua pele a tocar
Sentido mais coração igual a sintoma


Yuri Patrick – 08/12/2017

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Dias Obscuros

Não são os pensamentos obscuros que nos derrubam
Quando nós sabemos o nosso limite
Todos nós sabemos os nossos limites
Mas se não houver alguém para nos puxar pra cima, o que faremos?

Os dias passam assim
Sempre muito é feito, tudo é tão dual e há sempre algo a se fazer.
Os dias passam assim
Nunca é feito nada, nada é único e não há nada a se fazer.
O tempo voa pra mim

Quantos limites nós ultrapassamos em nome da justiça
Eles precisam salvar os oprimidos
Eles entendem a história e eles vivem nela
Tudo é tão dual
Prejudiquem os opressores, igualem promovendo a desigualdade
Ah se eles soubessem ver!!!!

Enquanto busco nas minhas lembranças
Quero algo para me lembrar, mas não sou dual
E tudo fica tão claro, sem dualidade nada funciona
Unicidade é suprema
Então vejo que não há muito para lembrar
E não há nada que eu queira lembrar

Os dias passam assim
Sempre fazemos muito, tudo é tão dual e há sempre por fazer.
Os dias passam assim
Nunca fazemos nada, nada é único e não ficamos sem nada para fazer.
Os dias voam pra mim

Quero voltar pra casa de onde vim
A unicidade é tão simples, mas os limites estão perdidos
Eu estou perdido, não há casa pra voltar, preciso de um abrigo
Não quero ser dual, são todos racistas

Por que tanta escuridão?
Por que tanto preconceito?
Só há falta de amor, só há falta de compaixão

Eles se dizem empáticos, mas defendem o assassino
E as pessoas pegam as pedras para lançarem entre si
Dizem que estão se defendendo, que são minoria
Mas estão atirando sem serem atacadas
E atiram sem saber porque estão atirando

“Sou atacado o tempo todo” – elas falam
“Eu sou prejudicado por você” – e os outros concordam
E se tornam tão preconceituosas quanto as pessoas que querem atingir
Elas gritam, esbravejam, mas não acordam

Os dias passam assim
Sempre fazemos muito, tudo é tão dual e há sempre por fazer.
Os dias passam assim
Nunca fazemos nada, nada é único e não ficamos sem nada para fazer.
Os dias voam pra mim

Eles mandam em si, eles podem fazer o que quiserem com corpo deles
Eles são esclarecidos, eles são inteligentes, sabem os seus direitos
Mas sempre querem culpar alguém pelos erros deles

A unicidade vai desvanecendo para a dualidade
Há uma neblina separando a trindade
Fica somente a dualidade
E os dias passam assim, o tempo voa para mim

Yuri Patrick - 01/12/2017